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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Nem toda vítima de bullying é um assassino em potencial, diz psicóloga

Dois casos de alunos mortos por colegas chocaram escolas do Nordeste. Há uma semana, Senado aprovou projeto de lei de combate ao bullying. 
A morte de dois estudantes a facadas por colegas dentro da escola, um em Cajazeiras (PB) e o outro em Fortaleza (CE), na terça-feira (21), uma semana após o Senado aprovar o projeto de lei que obriga as escolas a prevenirem e combaterem o bullying, mostra que a evolução da violência nas escolas está chegando a casos extremos.Para especialistas em violência escolar, no entanto, nem toda vítima de bullying é um assassino em potencial.

No crime da Paraíba, um aluno teria esfaqueado o colega por causa de uma relação deste com uma ex-namorada do suspeito. No Ceará, uma estudante disse que matou uma aluna porque era vítima de bullying praticado pela vítima e pela irmã gêmea dela. A Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza disse, em nota, que considera o caso um "fato isolado".

"As vítimas de bullying suportaram muito tempo os maus tratos dos colegas e a exclusão social e podem sofrer danos psíquicos que influenciam no seu desenvolvimento social", afirma a psicóloga Márcia Maranhão Limongi, autora da coleção de vídeos educativos "Bullying - Mal do século XXI na porta da sala de aula". "Apesar de os agressores serem vítimas de bullying, isso não é causa determinante para se tornarem assassinos. O que torna isso é uma combinação de vários fatores, sociais, de personalidade, ambientais e psicológicos que associados de uma forma diferente nesses indivíduos gera explosão de ódio e violência."

Segundo ela, as vítimas que não sabem lidar com raiva e humilhação podem se tornar agressoras e reproduz esta violência em escala muito maior. "Elas vão nutrindo desejos de vingança e tendo reação violenta." Já outras vítimas podem praticar violência contra si mesmas em vez de atacar alguém, segundo a psicóloga.

Em entrevista ao 'Jornal Hoje', a psicóloga Luana Lira diz que a família também tem responsabilidade. “A questão da tolerância hoje em dia está muito menor. Está nascendo uma geração em que os pais querem compensar a ausência em casa dando tudo e sem dizendo não. As crianças estão crescendo sem vivenciar a frustração. Quando tem uma frustração, elas perdem o controle. Não tem mais o controle emocional para lidar com isso. A questão da tolerância está muito menor, levando com mais facilidade a agir com violência.”

Na semana passada, o projeto criado pelo senador Gim Argello (PTB-DF) foi aprovado no Senado. Nele, as escolas são obrigadas a adotar estratégias de prevenção e combate ao bullying. “Punir não elimina o problema. A punição, como o próprio nome indica, apenas pune. E é prevenindo, transformando as nossas escolas, preparando os nossos professores e ensinando aos nossos jovens como lidar com o problema é que vamos, de fato, vencer essa guerra”, disse o senador no dia da aprovação.

O projeto precisa ainda ser aprovado pela Câmara. Para a lei "pegar", segundo especialistas, será preciso envolver a comunidade, escola, professores, pais e alunos. "É preciso ter uma preparação de profissionais, medidas preventivas para a violência, assessorar as vítimas e transformar os espectadores em aliados da comunidade", indica Márcia Limongi. "As medidas devem ser feitas por cada escola de acordo com a realidade de cada uma. Caso contrário, fica a coisa surreal que o governo impõe, a escola faz por obrigação e não resulta em nada."


 
Fonte: G1

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Tão jovens, tão cruéis

Para professor que teve o filho morto por causa do bullying, a hostilidade na escola é disfunção de toda a sociedade
Carolina Rossetti - O Estado de S. Paulo
Como explicar o comportamento esdrúxulo de três jovens que agrediram um casal de gays numa festa de faculdade desferindo contra os dois, além de chutes, xingamentos e latinhas de cerveja, toda a sua ira homofóbica? Como entender a atitude de um grupo de rapazes que achou que seria um tanto cômico tratar suas colegas como montaria subindo-lhe nas costas e gritando: "Pula, gorda!"? E ainda qual o problema da menina de 14 anos que usou a lâmina do próprio apontador para cortar - nove vezes - o rosto da companheira de classe? Afinal, jovens, por que tanta raiva?
Reprodução
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'Bully', o videogame; ganha quem atazanar mais a vida dos colegas
Educador há mais de 37 anos e pai de Curtis - que morreu em consequência de um vida inteira de bullying -, Allan Beane é hoje um militante da causa "mais respeito, por favor!" O autor de Proteja Seu Filho do Bullying diz que o problema não se circunscreve à juventude. É um mal de toda a sociedade, que de modo geral está mais tolerante à violência - nas ruas, nas escolas, dentro de casa. Estamos apáticos em relação a dor dos outros, e lentos demais para ir em defesa de quem está sendo rechaçado, pisoteado, humilhado. E ainda por cima, comenta Beane, gostamos de responsabilizar as vítimas de agressão pelas próprias indiscrições ("Também, com aquele vestidinho rosa, o que ela esperava?"). Somos nós, portanto, enquanto sociedade, que estamos disfuncionais.
Por que tanta agressividade entre crianças, adolescentes e jovens até na universidade?
Às vezes, adolescentes machucam colegas por inveja, ou para serem aceitos por determinado grupo, ou pelo simples fato de que temem se tornar vítimas de maus-tratos. Pode ser que admirem a independência, o poder e a popularidade do valentão da escola. Às vezes, porém, a causa do bullying é muito mais simples. Adolescentes agem dessa forma porque sabem que não terão que lidar com as consequências de seus atos. Como adultos, muitas vezes ignoramos as atitudes agressivas de nossos filhos, não os orientamos corretamente. Como professores, não somos atentos, não prestamos atenção ao que está acontecendo nos banheiros, corredores, escadarias e playgrounds da escola. Aliás, o bullying se tornou um problema econômico, além de comportamental. De acordo com a Associação Americana de Medicina, 160 mil crianças preferem ficar em casa com medo de serem agredidas em seu caminho até a sala de aula. Há pesquisas sugerindo que 7% dos estudantes de oitava série matam, ao menos, um dia de aula por mês. E, como grande parte do financiamento às escolas é baseado na frequência dos alunos, esse é um problema educacional de larga escala. A organização Plan International estimou o custo do bullying para o mundo: US$ 60 bilhões. Agora, o custo para a humanidade é bem maior. Nossas crianças ficam mais ansiosas, depressivas, doentes. O bullying existe desde o jardim de infância até a faculdade, e, mais adiante, no ambiente de trabalho. Não está restrito aos jovens. Ocorre em todas as comunidades, em todas as escolas, em todas as esferas da vida.
Se a escola é um microcosmo da sociedade e se o bullying é tão recorrente, o que isso diz sobre nós? Estamos menos cordiais?
Acho que houve uma deterioração no modo como as pessoas se tratam. Estamos menos dispostos a ajudar alguém em perigo, ou que está em uma situação de vulnerabilidade. Sempre houve bullys no mundo, mas acho que esse é um fenômeno mais presente em nossas escolas hoje. Sabe-se que crianças que estão sofrendo por dentro geralmente tentam transferir aos outros sua dor. Às vezes, são os adultos que maltratam seus filhos, gerando uma reação em cadeia de ódio e intolerância. Por sua vez, os filhos podem se tornar agressivos com os colegas para descontar a raiva que sentem dos pais. Bullying geralmente conduz a atitudes mais violentas, como brigas, facadas e tiros - nunca nos esqueceremos de Columbine. Acredito que vivemos uma "crise de espectadores", ou seja, muitas pessoas ignoram o colega que está sendo empurrado, socado, esmagado na lata de lixo. Nossa sociedade está passiva diante do desrespeito e pagamos um preço terrível por isso. Essa permissividade é desastrosa.
E qual a carga de responsabilidade dos pais?
Alguns pais fracassaram enquanto educadores. Não ensinaram aos filhos como controlar seu temperamento. Por falta de disciplina, muitos jovens hoje não têm freios. Se crianças não respeitam nem os pais, é provável que não respeitem mais ninguém.
Por que é legal ser o badboy, e não o geek?
Existem muitos elementos de nossa cultura pop que estimulam o bullying. A mídia, por exemplo, promove constantemente a violência e o conflito. A indústria do entretenimento tornou cool to be cruel. Reality shows são baseados em conflitos interpessoais e desrespeito - queremos ver o circo pegando fogo. Em séries de TV, os badboys são os heróis. Os filmes de highschool ensinam que para ser popular é preciso ser a garota má da escola. Esse comportamento é estimulado, racionalizado, justificado.
No que o bullying se diferencia da fofocas, dos apelidos, do puxão de cabelo?
Reconheço que o termo é usado em exagero. Esse é o perigo de todo rótulo. Por vezes, uma pessoa que foi maltratada uma vez é considerada vítima de bullying, quando, na verdade, o termo se refere a uma agressão rotineira. Bullying é um comportamento agressivo - físico, verbal, social, escrito, eletrônico - que tem intenção clara de machucar, física e/ou psicologicamente, e que se dá repetidas vezes. E o agressor não necessariamente é o mesmo, pode ser um grupo inteiro de alunos. Alguns especialistas discordam dessa definição porque entendem que, se alguém foi agredido, uma vez que seja, mas com tal intensidade de forma que se lembrará disso para o resto da vida, então isso deveria ser entendido como bullying. De todo modo, há que se atentar para o fato de que agressividade é um traço pessoal razoavelmente estável da personalidade de alguém. Por isso, pessoas que foram bullys enquanto crianças podem se transformar em bullys adultos - aqueles caras que tornam o ambiente de trabalho insuportável. É claro, alguns amadurecem e aprendem a controlar suas emoções, outros não.
Recentemente, alguns pré-adolescentes americanos decidiram se matar, no que tem sido chamado pela imprensa de uma "epidemia de suicídios por bullying". Até que ponto podemos responsabilizar os bullys por isso?
O "bullycídio" é a terminologia que se usa para falar de adolescentes que tiraram a própria vida por causa de bullying. Sim, essa é uma realidade que pouca gente conhece. Eu me refiro a milhares de estudantes que tentam - mesmo não tendo sucesso - se suicidar por causa das agressões constantes na escola. Dezenove alunos tiveram a coragem de me confessar que tentaram se matar. Têm medo de falar para os adultos o que está se passando por várias razões: sentem vergonha de não conseguir se defender sozinhas; temem que os pais só piorem as coisas fazendo um barraco na escola, por exemplo; ou já viram outras crianças delatarem o bully sem que nenhuma providência fosse tomada. É claro que há jovens com problemas mentais, que vem de famílias desestruturadas e que apresentavam problemas anteriores. Mas o bullying é um fator que contribuiu para que a gilete afundasse mais forte no pulso, para que a mão virasse o pote inteiro de comprimidos, para que ele ou ela tivesse a coragem de chutar a cadeira.
Foi o que aconteceu com o seu filho Curtis?
Meu filho Curtis foi vítima de bullying durante quase toda a vida escolar. Como a maioria dos pais, tentei dar os melhores conselhos para ele, mas falhei. Naquela época, não se sabia tanto como lidar com esse problema. Eu falava para ele ignorar o valentão da escola, fingir que aquelas coisas não o incomodavam. Errei ao não entrar em contato com a escola, e a escola também errou porque sabia que o meu filho estava sendo perseguido, mas não fez nada, e nunca me avisou do que estava acontecendo até tempos depois. As crianças que ameaçavam Curtis eram os populares do colégio, os bons em esporte. Curtis não era bom em nenhum esporte e não era o queridinho da escola. Com os anos, ele desenvolveu problemas de ansiedade, baixa autoestima e depressão. Tinha dias que não queria sair da cama. Quando Curtis já tinha 23 anos - o bullying o acompanhou também pelos anos de faculdade -, morreu de uma overdose de metanfetamina. Eu me senti completamente desamparado. Um fracasso enquanto pai.
O bullying deve ser criminalizado?
Acredito que na maioria das vezes nós culpamos as vítimas da agressão. Consideramos que são fracotes, quando, na verdade, são muito resistentes por aguentar alfinetadas diárias por tanto tempo. A solução recai sobre os pais e a educação que dão aos filhos. Somado a isso, a comunidade e as escolas precisam ter programas eficientes para lidar com a questão usando estratégias de prevenção. Acho também que a sociedade deve responsabilizar mais os estudantes por conta de seus atos. Precisam saber que suas ações terão consequências verdadeiras. Já ajudei advogados em seis ocasiões, quando pais de crianças vítimas de bullying processaram as escolas por negligência. Leis apropriadas para evitar o bullying podem ser ferramentas poderosas para atuar em conjunto com outras soluções.
Uma pesquisa Care.com revelou que pais americanos temem mais "amigo de Facebook" do que do "estranho no playground".
Sim. Infelizmente, as redes sociais são usadas como ferramentas para humilhar, constranger, difamar e machucar os outros. Como jovens estão em contato direto por meio do Facebook, Orkut, Twitter, o bullying ultrapassa o período que os alunos ficam na escola e invade todos os momento de sua vida. Fofocas se espalham mais rapidamente e para mais pessoas, num efeito destrutivo que é potencializado pela universalidade da internet. Alunos já me confessaram que se sentem outras pessoas na internet. Têm menos medo de falar o que pensam. Eles ficam presos numa espiral de "cyber-maldade" e disputam para ver quem é mais cruel que o outro.
No Brasil, temos o trote de calouros, uma espécie de bullying institucionalizado, que às vezes foge do controle. Já houve histórias de jovens cobertos com excremento, queimados por ácido ou mortos por afogamento.
Passar por experiências de maus-tratos não ser um rito de passagem. Cada vez menos universidades toleram esse tipo de atitude e cada vez mais delas tomam medidas de segurança para prevenir isso. A vida universitária deveria ser um momento de crescimento intelectual e emocional. Infelizmente, alguns jovens se sentem no direito de postergar sua maturidade às custas de outros.
Existe um videogame que se chama Bully. Para avançar no jogo, é preciso infernizar ao máximo a vida dos coleguinhas. Que influência esses jogos têm, de fato, sobre o comportamento dos jovens?
É lixo. Não precisamos de jogos assim. Que valor eles têm? De que forma ajudam a tornar o jovem uma pessoa melhor? Não sabemos ao certo o impacto que os videogames têm sobre a mente e o comportamento, mas essa relação lúdica com a violência geralmente se manifesta da pior forma quando o jovem está com raiva, frustrado ou desapontando com alguma coisa ou alguém. As pessoas são livres para tomar as próprias decisões e saber o que é bom para elas ou não. O que eu quero deixar claro para os pais é que esse tipo de jogo pode influenciar as atitudes de seus filhos, mesmo que eles não tenham total consciência disso.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Assunto polêmico será discutido por profissionais relacionados à área de educação

Senac faz palestra para orientar contra bullying e cyberbullying


09/06/2011 - 09:36

Neste sábado (11), às 9h30, o Senac Ribeirão Preto promove uma palestra gratuita sobre bullying e o cyberbullying, voltada para profissionais relacionados à área de educação. A palestra será ministrada pela pedagoga Carla Damasceno de Oliveira.

A palestra faz parte do projeto “Sala de Educadores”. O bullying e o cyberbullying envolvem comportamentos agressivos, tanto físicos quanto psicológicos, de natureza recorrente. Especificamente no ambiente escolar, essa violência pode acontecer entre alunos, professores, funcionários, e, inclusive, transcender os muros da escola, sendo praticada também no mundo virtual.

Carla Damasceno de Oliveira é mestre em educação, pós-graduada em educação especial e graduada em pedagogia. É também especialista em sexualidade das pessoas com deficiência intelectual e possui mais de dez anos de experiência na área de educação especial.

De acordo a pedagoga, a pessoa que sofre esse tipo de “ofensa” pode carregar muitos prejuízos “Dificuldades de aprendizagem, problemas de relacionamentos, evasão escolar, prejuízo no rendimento ou baixa produção e sofrimento psicológico são alguns dos sérios problemas que o bullying pode causar”, afirma.

Para participar da palestra, é necessário se inscrever pelo telefone (16) 2111-1200; pelo site; ou pessoalmente na unidade, que fica na Avenida Capitão Salomão, nº 2.133, no Jardim Mosteiro.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Seis adolescentes envolvidos em caso de bullying

Policial - 01/06/2011 - 09:05 
A delegada Aline Sinnotti Lopes, da Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude (Deaij), concluiu ontem (31) o inquérito sobre a caso de bullying descoberto em uma escola na semana passada em Campo Grande. O caso será encaminhado hoje ao Ministério Público Estadual (MPE) que vai analisar a sistuação acatando ou não a denúncia. Seis adolescentes de 13 e 14 anos estão envolvidos na extorsão do colega de escola.
O adolecente, 13 anos, que extorquia dinheiro de um colega há um ano, foi flagrado no dia 18 de maio, no terminal Guaicurus, em Campo Grande, quando iria receber R$ 40 de outro garoto.
Aline Sinnotti disse que todos foram ouvidos e confirmaram o fato, mas negaram que faziam ameaças ‘mais violentas’ e não tinham muitas alegações. “Eles não tinham muito o que alegar, confirmaram a ação, mas negaram que tinha ameaças”, explicou.
Segundo a delegada no relatório dela não constará falhas ou punição aos responsáveis. Para ela não ficou evidenciado falha da família no decorrer das investigações.
“Não vou apontar nenhuma falha, não encontrei evidências e foi um ato de circunstâncias”, apontou.
O caso será encaminhado ao MPE que irá opinar sobre aplicação de penalidades e o judiciário decide quais e como serão as sanções aos adolescentes.
Conforme a delegada, está ocorrendo um aumento da violência nos delitos praticados por crianças e adolescentes em Mato Grosso do Sul nos últimos anos e dados da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), mostram que somente no ano passado 777 jovens foram apreendidos no Estado. A média é de duas apreensões por dia. No primeiro trimestre deste ano já foram 194 apreensões.
Bullying: É um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, "tiranete" ou "valentão") ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.

Por Lúcio Borges - Capital News (www.capitalnews.com.br)