Pesquisar este blog

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

CURIOSIDADE

O bullying começou a ser pesquisado cerca de dez anos atrás na Europa, quando se descobriu o que estava por trás de muitas tentativas de suicídio entre adolescentes. Sem receber a atenção da escola ou dos pais, que geralmente achavam as ofensas bobas demais para terem maiores conseqüências, o jovem recorria a uma medida desesperada. Atualmente, todas as escolas do Reino Unido já implantaram políticas anti-bullying.
Os estudos da Abrapia demonstram que não há diferenças significativas entre as escolas avaliadas e os dados internacionais. A grande surpresa foi o fato de que aqui os estudantes identificaram a sala de aula como o local de maior incidência desse tipo de violência, enquanto, em outros países, ele ocorre principalmente fora da sala de aula, no horário de recreio.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Violências nas escolas: o "bullying" e a indisciplina

Neste texto, o "bullying" será tratado como parte dos comportamentos de indisciplina escolar. Para nós, a INDISCIPLINA inclui todos os atos que ferem as regras de bom funcionamento da escola e das aulas: as práticas de agressão física e verbal entre colegas, que caracterizam o "bullying"; todas as formas de desrespeito e agressão verbal aos professores e outros educadores da escola; ações contra o patrimônio, como pichações, quebra de carteiras e materiais; recusa a participar das atividades escolares, conversas, barulho ou deslocamentos indevidos durante as aulas; e muitos outros atos, freqüentemente chamados de microviolências ou incivilidades. Na verdade, o conceito de INDISCIPLINA é extremamente amplo e vago. Algumas regras, em geral, estão especificadas nos regimentos escolares, mas no cotidiano das classes são os professores que, com seus diferentes estilos e formas de organização do trabalho, delimitam o que é considerado ou não indisciplina. O mesmo acontece freqüentemente nos pátios de recreio, nos quais inspetores de alunos e outros funcionários podem definir quais são os comportamentos aceitos ou não.

A INDISCIPLINA é hoje uma das principais queixas tanto de professores quanto de alunos, quando perguntados sobre o principal problema de suas escolas. E é cada vez mais freqüente, tanto nas falas dos educadores, quanto na imprensa, ocorrer uma grande confusão entre VIOLÊNCIA e INDISCIPLINA. Há, efetivamente muitas situações em que é difícil separar com clareza esses conceitos e há muitos casos em que uma ação de indisciplina transita para um ato violento: por exemplo, quando dois alunos começam uma discussão durante uma aula e essa discussão desemboca numa briga em que estão envolvidas armas. Também é muito importante reconhecer o sentido anti-ético e antipedagógico de certas ações dos próprios professores, como o desrespeito aos alunos, o absenteísmo sistemático, o descaso com a qualidade de suas aulas etc. Mas chamar todos esses comportamentos de VIOLÊNCIA (ainda que simbólica) tem gerado mais confusão do que soluções. Uma forma simples de distingui-las é que atos de VIOLÊNCIA ferem o Código Penal (por exemplo: porte de armas, uso de drogas etc.); já atos de INDISCIPLINA dizem respeito apenas ao âmbito escolar, ferem o regimento escolar, os acordos (nem sempre bem explicitados) para o bom funcionamento do trabalho pedagógico ou as regras de boa convivência e civilidade.
O atual clima de medo e violência generalizados, que é reforçado pela mídia, tem levado muitos educadores a tratarem como casos de polícia situações que poderiam e deveriam ser resolvidas como questões educacionais, por isso considero importante distinguir esses dois conceitos. Isso ocorre não apenas no Brasil, como vimos recentemente na televisão, com a polícia norte-americana sendo chamada a uma escola para prender uma garotinha negra de apenas 5 ou 6 anos de idade, que estava agressiva e descontrolada. Há dois meses uma pesquisadora da USP presenciou a Guarda Municipal de São Paulo ser chamada para dentro de uma sala de aula do Ensino Médio de uma escola pública de periferia, para obrigar um aluno a tirar o boné!
Para nós, educadores, o mais importante é tentar entender as atitudes de nossos alunos e alunas, quais são as mensagens que eles estão nos passando por meio da linguagem da indisciplina: por que eles nos desobedecem e desafiam? Por que muitos insistem em atrapalhar as aulas? Por que tratam os colegas de forma desrespeitosa e agressiva? Por que estragam, riscam e destroem sua própria sala de aula, sua escola?
Para compreender esses "recados" cifrados, devemos, em primeiro lugar, abandonar duas afirmações muito freqüentes. A primeira é que a indisciplina é um fenômeno recente nas escolas ou, pelo menos, que aumentou de maneira surpreendente nos últimos anos. Não há nada que nos comprove isso, embora haja um aumento de sua visibilidade e possa ser verdadeiro um aumento da freqüência de atos indisciplinados. A indisciplina escolar é objeto de estudo de sociólogos, como o francês Emile Durkheim, pelo menos desde a passagem do século XIX para o XX. Se a escola exige uma certa disciplina, um tipo de comportamento regrado para que seus objetivos de aprendizagem e socialização se realizem, ela traz sempre consigo a indisciplina, a burla às regras estabelecidas. O que há hoje, com certeza, no Brasil é um aumento das falas e das preocupações com respeito à indisciplina e isso tanto por parte de educadores quanto dos próprios alunos.
A segunda afirmação que devemos abandonar é de que esse suposto aumento da indisciplina estaria ligado à ampliação das oportunidades de acesso à escola, que trouxe para dentro de seus muros um conjunto de alunos originados de famílias de camadas populares. Esses alunos trariam de casa um comportamento desregrado, anti-escolar, seriam mal-educados e indisciplinados. Essa idéia em geral vem acompanhada de um forte julgamento moral das famílias pobres - especialmente das mães - que seriam "famílias desestruturadas", incapazes de educar seus filhos adequadamente.
Ora, recentemente participei de uma pesquisa junto a uma escola pública de Ensino Médio, cujos educadores procuraram nossa equipe da USP justamente porque percebiam a instituição como muito violenta e queriam buscar soluções junto conosco. Montamos um projeto de pesquisa em colaboração, do qual participaram tanto professores da escola quanto pesquisadores da universidade. E quais foram nossas constatações ao ouvir os alunos e freqüentar a escola? Que não se tratava propriamente de violência, mas de indisciplina; que essa indisciplina incomodava profundamente os próprios alunos; e que eles alegavam não apenas a falta de regras claras, mas também a oferta de um ensino de muito baixa qualidade, com turmas lotadas, falta de aulas práticas, falta de materiais, professores cansados e desinteressados.
Por um lado, é inegável que vivemos um momento de profundas transformações nas relações entre jovens e adultos, no qual a autoridade das velhas gerações é contestada e a legitimidade da escola como espaço de transmissão de saberes relevantes é colocada em cheque a cada momento ("Para que eu preciso aprender isso?" - "Por que devo estudar se meu diploma não valerá nada no mercado de trabalho?"). Por outro lado, as escolas às quais esses novos alunos de camadas populares estão tendo acesso são de péssima qualidade, pois a expansão está sendo feita sem que haja recursos suficientes para a formação e para o pagamento de salários adequados aos professores, para a montagem de bibliotecas, laboratórios e salas de informática, para que seja oferecido um ensino flexível, atraente. A qualidade do ensino envolve tanto aspectos materiais quanto a presença de um corpo docente estável e satisfeito, que disponha de tempo remunerado para reuniões, e possa dedicar-se a uma única escola, como indicam estudos internacionais conduzidos pela UNESCO (1998). Nossos professores sentem-se despreparados diante das novas exigências dos jovens, particularmente no que se refere àquilo que ultrapassa os conteúdos específicos de suas disciplinas (História, Geografia, Português etc.), aquilo que se refere à socialização, ao comportamento e à vida dos estudantes para além da escola. Nossos jovens vivem num mundo que lhes oferece bem poucas alternativas de realização pessoal e profissional e que os bombardeia o tempo todo com valores ligados ao individualismo, à ascensão social, ao consumismo, à competitividade.
Na escola em que pesquisamos, os professores participantes envolveram-se na elaboração de novas propostas pedagógicas para suas matérias, criando projetos e atividades interdisciplinares. E, por outro lado, exercitaram sua capacidade de ouvir os alunos e de ajudá-los a aprender a resolver conflitos de forma negociada e solidária. A mudança de atitude institucional mostrou-se tão importante quanto a recuperação material da escola, que era considerada feia, suja e mal equipada pelos alunos. Nada disso foi fácil, nem são conquistas definitivas, mas deram-nos a certeza de que é preciso parar de se queixar das famílias e da violência social e perceber quais são as relações estabelecidas dentro da própria escola e que tipo de ensino oferecemos a nossos alunos. Podemos reconquistar respeito e legitimidade por meio de um trabalho pedagógico sério e de relações democráticas. Isto é, comportamentos de INDISCIPLINA, muitas vezes, são recados de que os alunos não estão vendo sentido em nada e querem mais respeito às suas idéias, ao mesmo tempo que necessitam de regras mais claras e justas e de um ensino de qualidade que leve em consideração suas capacidades e suas vivências fora da escola.
Finalmente, gostaria de destacar que tanto o "bullying" quanto a indisciplina não acontecem apenas devido a características individuais de cada aluno, tendência que tem predominado na análise desses fenômenos. É claro que há casos de problemas de personalidade que o apoio de profissionais especializados poderia amenizar. Mas a indisciplina é um fenômeno fundamentalmente coletivo e caracteristicamente escolar. Quantas vezes vemos um aluno que, individualmente, é cordato, transformar-se num bagunceiro quanto se junta a determinado grupo ou classe?
INDISCIPLINA também é um fenômeno marcado por todas as desigualdades e hierarquias sociais. Perseguições e apelidos muitas vezes estão ligados ao pertencimento racial e à orientação sexual de colegas, reforçando e recriando preconceitos, racismo e homofobia. Além disso, sabemos que tanto as vítimas quanto os autores nessas situações são, na sua maioria, meninos e rapazes, e que há modelos de masculinidade aí envolvidos. É estranho como esses temas vêm sendo discutidos no Brasil como se eles nada tivessem a ver com as relações de gênero, quando na verdade estamos falando o tempo todo de determinadas formas de masculinidade - de rapazes que buscam afirmar sua virilidade por meio do enfrentamento das regras escolares, do uso da força física, da agressão e de conquistas heterossexuais. Essas masculinidades fazem parte da trajetória de um grupo significativo de nossos alunos, um caminho que muitas vezes desemboca em atitudes anti-escola, em fracasso escolar, transgressão e, no limite, em violência social.
É importante ressaltar que essas masculinidades não vêm prontas de fora para dentro do ambiente escolar. A masculinidade está organizada, em escala macro, em torno da posse do poder social: afirmar a própria virilidade implica o exercício de algum tipo de poder. Na medida em que se vêem excluídos do sucesso escolar e do reconhecimento acadêmico, alguns estudantes assumem essas formas de masculinidade de enfrentamento como única via de realização de algum poder e autonomia. Eles lidam com as múltiplas incertezas de sua posição, desenvolvendo o que é considerado pelos adultos da escola como agressividade, indisciplina, abuso de poder e mesmo violência. Ao deixar intocada a discussão sobre a relação intrínseca e pretensamente natural entre masculinidade e poder e ao mesmo tempo dificultar o acesso a outras formas de poder socialmente mais aceitáveis, como por meio do bom desempenho escolar, a escola pode estar contribuindo na construção de trajetórias de indisciplina e de violência.
Marilia Pinto de Carvalho

Bibliografia:
ABRAMOVAY, Miriam e CASTRO, Mary Garcia. Ensino médio: múltiplas vozes. Brasília: UNESCO, MEC, 2003.
AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.
CARVALHO, Marília. Sucesso e fracasso escolar: uma questão de gênero, Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 29 n.1, jan./jun. 2003, p.185-193. (http://www.scielo.br/)
COSTANTINI, Alessandro. Bullying: como combatê-lo, São Paulo: Itália Nova, 2004.
DURKHEIM, Emile. Sociologia, educação e moral. Lisboa: Ed. 70, 2001.
FANTE, Cleodelice e PEDRA, Augusto. Fenômeno bullying: estratégias de intervenção e prevenção da violência entre escolares. São Paulo, 2003.
GALVÃO, Izabel. Cenas do cotidiano escolar: conflitos sim, violência não. Petrópolis: Vozes, 2004.
SPOSITO, M. e GALVÃO, I. A experiência e as percepções dos jovens na vida escolar na encruzilhada das aprendizagens: o conhecimento, a indisciplina, a violência. Perspectiva, Florianópolis, v. 22 n. 2, p. 345-380, 2004.
UNESCO. Primer estudio internacional comparativo sobre lenguaje, matemática y fatores asociados en tercero y cuarto grado. Santiago, Chile, 1998.
http://www.abrapia.org.br/ (site da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência )
ZALUAR, Alba (org.) Violência e educação. São Paulo: Livros do Tatu / Cortez, 1992.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Bullying pode começar em casa, diz cartilha do CNJ.

Cartilha do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com dicas para o combate ao bullying nas escolas, lançada nesta quarta-feira (20) em Brasília, afirma que, muitas vezes, o fenômeno começa em casa. A escola é apontada como corresponsável nos casos de violência.
Segundo o texto, de autoria da psiquiatra, Ana Beatriz Barbosa Silva, o exemplo dos pais é fundamental para a atitude que os filhos terão em relação aos colegas. "Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores", diz o texto.

A cartilha traz em forma de perguntas e respostas várias orientações sobre como identificar o fenômeno, quais são suas consequências e como evitar.

De acordo com o texto, o bullying é cometido pelos meninos com a utilização da força física e pelas menina com intrigas, fofocas e isolamento das colegas. As formas podem ser verbais, física e material, psicológica e moral, sexual, e virtual, conhecida como ciberbullying. Segundo a cartilha, características de comportamento podem mostrar que uma criança é vítima de bullying.

Na escola, elas ficam isoladas ou perto de adultos, são retraídas nas aulas, mostram-se tristes, deprimidas e aflitas. Em casos mais graves, podem apresentar hematomas, arranhões, cortes, roupas danificadas ou rasgadas.

Saiba mais!
Em casa, a criança se queixa de dores de cabeça, enjôo, dor de estômago, tonturas, vômitos, perda de apetite e insônia, de acordo com a cartilha. Outros indicadores são mudanças de humor repentinas, tentativas de faltar às aulas.

Segundo o texto, a escola é corresponsável nos casos de bullying. A cartilha orienta a direção das escolas a acionar os pais, conselhos tutelares, órgãos de proteção à criança e ao adolescente. “Caso não o faça poderá ser responsabilizada por omissão”, diz a cartilha.

O texto afirma ainda que, em casos de atos infracionais, a escola tem o dever de fazer uma ocorrência policial. “Tais procedimentos evitam a impunidade e inibem o crescimento da violência e da criminalidade infantojuvenil”, diz o texto.

No Brasil, de acordo com a cartilha, predomina o uso de violência com armas brancas. Em escolas particulares, vítimas são segregadas, principalmente, devido a hábitos ou sotaques.

A cartilha orienta os pais a observar o comportamento dos filhos e a manter diálogo franco com eles. “Os pais não devem hesitar em buscar ajuda de profissionais da área de saúde mental, para que seus filhos possam superar traumas e transtornos psíquicos”, diz o texto.

Além disso, os pais devem estimular os filhos a desenvolver talentos e habilidades inatos, para resgatar a autoestima e construir sua identidade social.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Não é pra ficar calado!

Atualmente vem sendo divulgado um caso de bullying na mídia.


"Em Malhação, Theo (Ronny Kriwat) e Pedro (Bruno Gissoni) foram perseguidos pelos colegas por serem bolsistas e humildes. Assim como na ficção, o bullying é uma forma de violência que está presente na escola e os pais devem estar atentos."


Seu filho já chegou da escola chorando? Você percebeu que alguma coisa de diferente está acontecendo com ele? Muitas das vezes, as crianças e adolescentes não expressam o que estão sentindo e, sem você saber, ele pode estar sendo vítima de bullying. O termo é derivado da palavra bully, que em inglês significa brigão, valentão. O bullying é uma prática que cresce cada vez mais no Brasil. Ele é caracterizado por agressões intencionais verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, vindas de um ou mais alunos, e o seu filho pode ser a vítima. 


FIQUE ATENTO! 

Suicídio de garota após bullying leva a indiciamento de 9 adolescentes nos EUA

Imigrante irlandesa de 15 anos foi encontrada enforcada em janeiro após série de ataques.

Nove adolescentes foram indiciados pela Justiça do Estado americano de Massachussetts após o suicídio de uma estudante de 15 anos que teria sido supostamente vítima de bullying (intimidações físicas e psicológicas) do grupo.

Phoebe Prince, que havia imigrado recentemente com a família da Irlanda para a cidade de South Hadley, em Massaschussetts, foi encontrada enforcada na escada do prédio onde morava no dia 14 de janeiro.

Segundo a promotora que cuida do caso, Elizabeth D. Scheibel, Phoebe teria se matado após uma série de ataques físicos e verbais, culminando com um dia descrito como "torturante" no qual ela teria sido vítima de calúnias e atacada com uma lata de bebida.

Phoebe teria começado a ser perseguida por colegas de escola após um curto relacionamento com um colega popular, terminado seis semanas antes de seu suicídio.

Os ataques teriam ocorrido principalmente dentro da escola, mas também por meio de mensagens por celular e em sites de relacionamento social na internet.

Abuso sexual
Dois dos adolescentes indiciados foram acusados de abuso sexual, mas a promotora não deu detalhes. Outras sete garotas foram indiciadas por perseguição, assédio criminoso e por violação dos direitos civis de Phoebe.

Segundo Scheibel, o suicídio de Phoebe foi "a culminação de uma campanha de quase três meses de comportamento verbalmente intimidatório e ameaças de danos físicos".

A lista de indiciados não inclui nenhum funcionário da escola onde a adolescente estudava, apesar de a promotora ter afirmado que a direção e os professores sabiam dos abusos.

Pelo menos quatro estudantes e dois professores teriam tentado impedir os ataques contra Phoebe ou teriam relatado o problema à direção da escola.

"Uma falta de entendimento sobre intimidações associadas com relacionamentos entre adolescentes parece ter sido comum na South Hadley High School", disse Scheibel. "Isso, por sua vez, levou a uma interpretação inconsistente do código de conduta da escola quando os incidentes foram observados e relatados."

"As ações ou inações de alguns dos adultos da escola são preocupantes", afirmou a promotora. Segundo ela, a mãe da garota havia conversado com pelo menos dois funcionários da escola e os problemas eram "amplamente conhecidos" pela direção.

Scheibel afirmou ainda que mais uma pessoa poderá ser indiciada, mas não deu mais detalhes. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

NOSSO PROJETO CONTRA O BULLYING

PROJETO ANTIBULLYING

Todos os dias, alunos no mundo todo sofrem com um tipo de violência que vem mascarada na forma de “brincadeira”.

O que caracteriza o bullying?
Para que uma ação seja considerada bullying, ela precisa ter certas características:
*ser repetida contra uma mesma pessoa,
*apresentar um desequilíbrio de poder que dificulte a defesa da vítima,
*não possuir razão aparente e contar com atitudes deliberadas e que tragam prejuízo – material, físico, emocional ou de aprendizado.

Segundo a Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Criança e ao Adolescente) não está restrito ao tipo de instituição. Com a internet, o bullying ganha espaço também nas comunidades virtuais aumentando ainda mais o transtorno das vítimas, já que no ambiente virtual os autores da agressão podem manter suas identidades no anonimato.

Siga-nos em nosso Blog:



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

JUSTIFICATIVA DE ELABORAÇÃO DO PROJETO

Frequentemente se debate sobre o bullying, mas nem todas as pessoas sabem ao certo do que se trata o assunto deixando, assim, a discussão para profissionais. Para compreender melhor essa questão, é pertinente delimitar e caracterizar bullying nas escolas, promover a apresentação do Projeto de Lei nº 544/09 aprovada no estado do Espírito Santo, e também, explicar o termo para alunos e profissionais da educação conscientizando-os.

Inicialmente urge destacar a delimitação e caracterização do bullying nas escolas. Convém notar que bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro, causando dor, angústia e sofrimento, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. São muitos os exemplos de atitudes agressivas, que ocorrem na escola. Essas situações não são novas, existem há muito tempo, mas foi somente a partir da década de 70 que começaram a ser estudadas com atenção, por pesquisadores de diferentes países, como integrantes de um fenômeno chamado bullying.

Deve-se dizer ainda que é importante apresentar o projeto de lei nº 544/09, que define e regulamenta ações voltadas para o combate ao bullying nas escolas públicas e particulares do Espírito Santo, foi aprovado pelos deputados no plenário da Assembleia Legislativa. O projeto de “Combate ao Bullying” não se limita a proibir a prática do mesmo. Procura esclarecer a comunidade escolar sobre a abrangência do termo e conscientizar sobre medidas de prevenção, diagnose e combate. Ao poder público caberá a elaboração de políticas de conscientização, respeitando as medidas protetoras estabelecidas no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Vale também lembrar que o bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Essa menção permite afirmar que as crianças ou adolescentes que sofrem bullying tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.

Percebe-se, pois, que a explicação do termo bullying para alunos e profissionais da educação é essencial para a construção de uma sociedade sem bullying. Evidentemente, torna-se necessária a divulgação de um projeto de conscientização dos indivíduos envolvidos e dos técnicos que se relacionam de perto com as crianças e os jovens, nomeadamente os professores têm que estar mais atentos a esta realidade e devem perceber o impacto devastador que o bullying pode gerar, comprometendo o benéfico do desenvolvimento da criança como pessoa segura e autoconfiante.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Bullying. A hora de falar é agora. Fale você também.

Em 2010, o Altas Horas iniciou uma campanha para combater a prática de bullying nas escolas. Essa ação nasceu de um debate promovido por Serginho Groisman durante um programa. Naquela oportunidade, Felipe Matos levantou-se na plateia e revelou que era vítima dessa violência em seu colégio.

Desde então, Serginho vem realizando ações para divulgar a campanha Altas Horas contra o Bullying. O apresentador gravou um vídeo, que será veiculado durante a programação da TV Globo, e criou um cartaz para as escolas fazerem download no site do programa e espalharem nas salas de aulas e pátios.

Agora, a campanha Altas Horas contra o Bullying inicia uma nova fase e vai precisar da sua ajuda. O site do Altas Horas está disponibilizando um espaço especial para você falar sobre o assunto.

Se você sofre ou já sofreu bullying, se você participa de alguma campanha e quer divulgá-la, se você tem experiências legais e atitudes positivas para ajudar a resolver o problema ou se você só quer dar a sua opinião sobre o tema, grave um vídeo e envie para nós. Participe dessa campanha!

DIVULGUE!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A menina que deixou a escola por sofrer bullying

Quem vê Pamela Harada, 16 anos, com seu look e make descolados no karaokê ou nas baladas com os amigos dificilmente consegue imaginar que ela seja vítima de algum tipo de discriminação. Mas assim como milhares de adolescentes em todo o mundo, a paulistana conheceu de perto o bullying. 


Desde os 9 anos, a garota mora no Japão com a família. E foi logo ao entrar na escola que Pamela teve de encarar o ijime (palavra japa para bullying). Ela era ignorada por ser estrangeira e, mesmo sabendo falar japonês, não conseguia fazer amigos (no Japão, os descendentes costumam ser mais discriminados do que os estrangeiros). "Uma vez, meus colegas disseram que tinham nojo de mim", conta. Vivendo num ambiente assim, a garota foi se fechando. "Eu não tinha vontade de ficar na sala de aula, não conseguia confiar em ninguém. Até que a minha professora me colocou numa sala fechada, sozinha. Eu ficava o dia todo fazendo nada." 

Além de sofrer, Pamela viu a irmã ter de encarar o mesmo problema: Laryssa, 13 anos, chegou a apanhar de alunos no corredor do colégio. Para preservar as filhas, o pai de Pamela ia na escola pelo menos três vezes por mês para reclamar. Dos professores, ouvia a promessa de que iam conversar com os pais dos outros meninos, mas nada mudava. A mãe das meninas, cansada de vê-las nessa situação, procurou a escola também e ouviu que as filhas precisavam se acostumar à sociedade japonesa. 

Sem conseguir solucionar o problema ou ter a permissão da prefeitura para frequentar outra escola pública (algo que rola no Japão), as faltas viraram rotina. Pamela chegava a chorar em casa para não ter de ir à aula. "Teve uma época em que eu estudava na enfermaria da escola, fazia até as provas lá. No último dia de aula, uma menina chegou e disse que tinha achado um tênis embaixo da torneira. Depois, soube que era o meu." 

Meses após perder um amigo num acidente de carro - também vítima de bullying -, a única amiga da garota também começou a ser discriminada. Os colegas pegaram uma cartinha que Pamela havia escrito para ela, passaram de mão em mão na classe e fizeram uma ameaça: quem se aproximasse das duas seria o próximo a passar por humilhações. "Meu pai foi à escola e tentou conversar, mas o diretor não deu bola. Aí ele chamou uma das meninas que me zoavam e falou que, no Brasil discriminação é crime. O pior é que essa garota já tinha sido minha amiga." 

As sessões de queixas na mesa do diretor só acabaram quando a adolescente fez um desabafo que deixou a família toda em alerta. "Ela nos disse que, para viver daquele jeito, preferia a morte", lembra Lúcia, mãe de Pamela. Ela acabou tomando uma decisão radical: saiu do emprego e mudou-se com a família para outro bairro, para que as meninas pudessem ir para uma escola diferente. 

Pena que o esforço não deu certo. Pamela e a irmã caçula continuavam a ser as únicas estrangeiras do colégio, sofrendo ijime dos colegas. A solução foi seguir o conselho de uma professora e ingressar a Free School, instituição de ensino criada para receber vítimas de maus-tratos e estudantes com dificuldade de aprendizado. "As pessoas de lá eram superlegais", conta Pamela. O único porém era a mensalidade do colégio, que ultrapassava os mil reais por mês. Sem dinheiro para quitar as parcelas, Pamela teve de deixar as aulas de lado e passou a trabalhar numa loja de conveniência perto de casa. 

Enquanto não volta a estudar, ela está aprendendo inglês, pois já tem certeza do que quer fazer mais no futuro: cursar faculdade de direito nos Estados Unidos ou na Inglaterra - e, quem sabe, estudar moda e maquiagem, paixões que cultiva desde criança. Sobre todo o bullying que sofreu, Pamela tenta ser positiva: "Não importa o que as pessoas achem de você. O que importa é o que você acha de si mesmo". 



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Que tipo de danos pode causar o bullying?

A vítima pode apresentar baixa auto-estima, dificuldade de relacionamento social e no desenvolvimento escolar, fobia escolar, tristeza, depressão, podendo chegar ao suicídio e a atos de violência extrema contra a escola. Já os autores podem se considerar realizados e reconhecidos pelos seus colegas pelos atos de violência e poderão levar para a vida adulta o comportamento agressivo e violento. As testemunhas silenciosas também sofrem, pela sua omissão e falta de coleguismo. Muitos sentem-se culpados por toda a vida. 

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Madonna diz ter sofrido com o bullying em entrevista

O Bullying e seus efeitos está recebendo uma grande quantidade de publicidade nestes dias, com uma franca adesão da cantora Madonna a um coro de celebridades que estão expressando sua oposição a esta tendência preocupante. Não surpreendentemente, o ícone da música usou palavras mais fortes que a maioria. Aparecendo via satélite no The Ellen DeGeneres Show, Madonna faz um apelo sincero para que o bullying acabe, comparando-o a linchamentos ou ao Holocausto.

"Estou muito perturbada e entristecida com o número esmagador de suicídios de adolescentes que têm sido relatados recentemente por causa do bullying", diz ela. "Suicídio em geral é preocupante. Adolescente cometer suicídio é extremamente perturbador, mas ao ouvir o que estes adolescentes estão sofrendo em suas vidas, porque eles estão sendo vítimas de bullying na escola e dormitórios, o que você tem, é algo inexplicável". 
Madonna afirmou ter sido intimidada como uma criança em Michigan e que este as crianças problemáticas poderiam aprender uma lição ... "Ainda me sinto diferente", diz ela. "Eu posso relacionar totalmente a idéia de me sentir isolada e alienada. Eu era incrivelmente solitária enquanto criança, como uma adolescente. Tenho que dizer que eu nunca senti encaixada na escola. Eu não era um atleta. Eu não era uma intelectual".

Vamos continuar na luta por um ambiente escolar seguro e motivante.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Entrevista sobre bullying.


Ângela Soligo (Unicamp): escola tem papel fundamental no combate ao bullying
Graduada em psicologia, com mestrado e doutorado também em psicologia, Ângela Soligo é docente da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Diferenças e Subjetividades em Educação. Integra, também, o conselho editorial da revista Escritos sobre Educação, do Instituto Superior de Educação Anísio Teixeira, da Fundação Helena Antipoff, de Belo Horizonte (MG) e a Comissão Científica dos Cadernos UFS de Psicologia, da Universidade Federal de Sergipe.
Em sua experiência na área de educação, a ênfase é na formação de professores, atuando principalmente em temas relacionados a preconceito racial, representação social, formação, professor e escola.
Em entrevista ao Jornal do Professor, Ângela Soligo afirma que a escola tem papel fundamental no combate ao bullying. “A tarefa da escola não é simplesmente punir ou patologizar, mas educar - construir, com os alunos, novas visões de mundo, de sujeito, e novas possibilidades de convivência, na diferença”, destaca.

Jornal do Professor – O que é bullying? Existem tipos diferentes de bullying?
Ângela Soligo – Bullying não tem tradução literal no português, mas significa abuso entre iguais, ou seja, não é qualquer abuso ou agressão, mas o abuso entre pessoas de mesma idade, mesmo status em um grupo, como por exemplo, alunos em uma escola. Outra característica do bulling é que não se trata de um acontecimento isolado, como uma briga entre dois colegas, por exemplo, mas de eventos repetitivos: um aluno que é sistematicamente xingado ou agredido por um grupo, ou alguém que nunca pode participar de determinados grupos.
Portanto: o bullying ocorre entre iguais, de forma repetitiva. Porém, esses iguais não se sentem iguais, aqueles que praticam se julgam superiores às suas vítimas.
Há diferente manifestações de bullying, algumas mais evidentes – agressão física, xingamento, apelidos humilhantes, outras menos evidentes - afastamento e isolamento - ocorre quando algumas crianças ou adolescentes são impedidos de participar de atividades com os demais colegas, são recusados em atividades de grupo, nunca são escolhidos pelos colegas para nada (esse tipo de bullying, em geral, é praticado pelos ditos bons alunos - e, por essa condição, seus atos não são percebidos como nocivos aos outros).

JP - Quais as principais causas do bullying?
AS – Em geral, pode-se dizer que o bullying se desenvolve no contexto da violência, na cultura da violência. Nossa sociedade cultua distintas formas de violência, valoriza modelos agressivos, tolera várias formas de agressão (violência policial, violência doméstica, guerras). Portanto, as bases para o bullying estão dadas na própria cultura.
Além disso, na base do bullying está alguma forma de preconceito. São em geral vítimas de bullying aquelas crianças ou adolescentes que carregam alguma marca desvalorizada socialmente: negros, gordos, portadores de certas deficiências ou dificuldades, meninas em alguns contextos, muito pobres, etc.
A suposta superioridade de alguns e inferioridade de outros, amplamente veiculada em nossas sociedades, abre os caminhos da agressão e da violência.

JP – Esse fenômeno sempre existiu ou é algo novo? Ele ocorre no mundo todo?
AS – O fenômeno sempre existiu, o nome é mais recente. Não se restringe ao nosso país, mas prolifera em um mundo que prega a solidariedade mas pratica a intolerância. Por que aumentam as manifestações de bullying, porque atinge a todas as camadas sociais, e porque hoje as mídias nos permitem conhecer, ter acesso a informações do mundo todo, o fenômeno tem ganho cada vez mais a atenção de educadores e da sociedade.

JP – Quais as consequências que o bullying pode trazer a suas vítimas?
AS – Para as vítimas do bullying, há muitas possíveis consequências:
- a recusa em ir à escola;
- dificuldades no desempenho escolar, já que o fator afetivo afeta sua percepção sobre si mesmo e segurança;
- sintomas físicos na hora de ir para a escola - dor de barriga, suor, dor de cabeça;
- no limite, adoção de reações violentas ou condutas suicidas.

JP – O bullying ocorre mais em algum nível de ensino específico ou faixa etária?
AS – O bullying tem ocorrido mais na faixa etária entre os 8-9 anos até o final da adolescência. Pode ocorrer antes, mas é mais raro, pois crianças menores ainda não absorveram todos os preconceitos do mundo adulto.
Nos adultos, a conduta não é mais chamada bullying, mas assédio moral, e quanto a ela há leis hoje que tentam proteger os agredidos.
Não há muitos relatos de bullying em universidades, mas ele pode ocorrer. No entanto, nessa fase os sujeitos já estão mais seguros e aparelhados para se defenderem. Tive pessoalmente conhecimento de um caso neste contexto, e o sujeito agredido, embora extremamente abalado, procurou ajuda e amparo institucional. Crianças e adolescentes têm mais dificuldade para isso, retraem-se e
silenciam.

JP – O que os professores e as escolas podem fazer para combater a ocorrência desse fenômeno?
AS – A escola tem um papel fundamental no combate ao bullying. Em uma perspectiva mais geral, formar para o respeito, para o combate a qualquer forma de discriminação e preconceito. Isso deve se feito o tempo todo, no dia a dia da escola, como um princípio educativo.
Em uma dimensão mais focal, quando o problema surge, é fundamental não silenciar, não esperar que passe, mas intervir. Intervir, não quer dizer encaminhar a vítima para tratamento (o que tem ocorrido com frequência, como se a causa do bullying estivesse dentro da vítima). Quer dizer refletir com os agressores, as vítimas e os outros alunos, identificar a agressão como um problema a ser trabalhado, não tolerar, não aceitar como parte da normalidade da escola. É importante mostrar ao conjunto dos alunos que aqueles que silenciam, que não praticam mas assistem, são cúmplices, alimentam a agressão. E que o silêncio, muitas vezes, também fere.
Concluindo, a tarefa da escola não é simplesmente punir ou patologizar, mas educar - construir, com os alunos, novas visões de mundo, de sujeito, e novas possibilidades de convivência, na diferença.